Israel expulsa 40 mil da Cisjordânia em nova campanha de limpeza étnica contra o povo palestino

Palestinos foram atacados pelos terroristas israelenses nos campos de refugiados em Jenin, Tul Karem e Nur al-Shams
Israel usou tanques de guerra para invadir a Cisjordânia (Foto: Reprodução)

Em um novo capítulo da campanha de limpeza étnica contra o povo palestino, Israel utilizou tanques de guerra para invadir, neste domingo (23/02), o Norte da Cisjordânia ocupada como parte de uma agressão militar que já expulsou em torno de 40 mil palestinos de campos de refugiados em Jenin, Tul Karem e Nur al-Shams. Foi a maior ação realizada nessa região palestina nas últimas duas décadas.

Em um comunicado, o regime israelense afirmou que os militares ocuparão essas áreas pelo próximo ano, impedindo o retorno dos moradores.  “Não permitiremos o retorno dos moradores”, disse o ministro da Defesa, Israel Katz.

Por sua vez, o ministério das relações exteriores da Autoridade Palestina, que controla parte da Cisjordânia, afirmou, também em nota, que as ações de Israel é a continuação do genocídio do povo palestino e da anexação de seus territórios.

“O Ministério vê esses acontecimentos – incluindo as declarações de Katz, o envio de tanques e a intimidação deliberada de civis indefesos -, como uma grave escalada na Cisjordânia e uma tentativa flagrante de consolidar o genocídio e o deslocamento forçado contra nosso povo desarmado”, diz a representação palestina da Cisjordânia, que ainda pede que a comunidade internacional intervenha.

Em declaração à Agência Brasil, o professor de Relações Internacionais, cientista político e jornalista Bruno Lima Rocha avalia que o uso de blindados, helicópteros e de cercos aos campos de refugiados palestinos – inédito em, ao menos, 20 anos –, é parte da estratégia de transferir a guerra da Faixa de Gaza para a Cisjordânia.

“Ao estabelecer o cessar-fogo em Gaza, o Estado sionista aperta as condições na Cisjordânia, para transferir a frente de guerra interna para lá. O governo Netanyahu necessita do estado de guerra porque, sem esse estado de guerra e essa situação de comoção nacional da troca dos presos políticos palestinos pelos reféns, a tendência que seu governo caia e ele seja julgado”, analisou.

As agressões israelenses na Cisjordânia iniciaram há aproximadamente um mês, ainda antes do cessar-fogo na Faixa de Gaza entrar em vigor, quando o primeiro-ministro de Israel, o genocida judeu Benjamin Netanyahu, anunciou uma “operação militar significativa e em grande escala” contra os palestinos da região. Os ataques contam com o apoio dos Estados Unidos e do governo de Donald Trump, que tem dado todo o suporte para Israel ocupar mais terras palestinas e expulsar a população nativa da região cobiçada pelos invasores israelenses.

Demolições de casas

Segundo a agência palestina de notícias Wafa, a nova agressão israelense deixou um saldo de “ao menos 27 mortes, dezenas de feridos, mais de 160 detidos e destruição generalizada” na região. Ainda de acordo com eles, os militares iniciaram buscas em casas enquanto destruíram estradas, linhas de energia, encanamentos de água e veículos civis.

“Essas demolições são frequentemente parte de uma estratégia mais ampla para expandir assentamentos israelenses ilegais e limpar terras para ocupação futura, ao mesmo tempo em que limitam severamente a capacidade dos palestinos de manter uma presença em suas terras”, afirmou a Wafa.

Com informações das agências internacionais de notícias