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O ano era 2015. O Amazonas enfrentava, naquela época, uma das piores cheias de sua história com ao menos 20 municípios em situação de emergência declarada. Havia, portanto, uma preocupação com os ribeirinhos que sofriam com as enchentes.
Neste sentido, um grupo de empresários de Itacoatiara (a 170 quilômetros de Manaus em linha reta) decidiu unir forças e promoveu um amistoso de futebol entre a seleção itacoatiarense e a equipe master do Flamengo para arrecadar mantimentos para as famílias afetadas pela cheia dos rios.
Na ocasião, os ingressos para o jogo custaram R$ 20,00 mais um quilo de alimento não perecível, renda essa que foi toda revertida para as comunidades ribeirinhas das regiões atingidas pelas enchentes.
Amazonense fala sobre a partida histórica
O jogo histórico entre a seleção itacoatiarense e o time master do Flamengo foi realizado numa sexta-feira, dia 5 de junho de 2015, no estádio Flora de Mendonça, em Itacoatiara.
Entre os craques rubro-negros que participaram da partida, segundo os registros da época, estavam Renato Carioca, Nélio, Andrade, Uidemar, Cláudio Adão, Rondinelli, Piá, Adriano e Adílio, um dos maiores jogadores do Flamengo, que faleceu no último dia 5 de agosto.
A equipe local até chegou a sair na frente no placar, mas acabou levando a virada do time rubro-negro, que venceu por 3 a 1.
“Iniciamos ganhando de 1 a 0, mas eles viraram. Flamengo é Flamengo. Os coroas do master do Flamengo eram feras”, relembra o atual presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado do Amazonas (Creci-AM), Paulo Celestino de Carvalho Mota Junior, 50 anos, que participou daquela partida a convite da tia, Maria Da Glória Matos Martins, que era dona do Líder Hotel, umas das empresas locais patrocinadoras do evento.
Ele afirma que jogou o amistoso por aproximadamente 15 minutos. Apesar de curto, o período que jogou com os ídolos de infância marcaram para sempre o amazonense.
“Joguei como volante pelo meio-de-campo e lembro que fazia a marcação do Adílio, Andrade e Cláudio Adão. Eles foram com um time só, que tinha apenas um reserva. Jogaram o famoso ‘Tiki-Taka’ e deram um show para o público que deixou lotado o estádio Flora de Mendonça”, conta o corretor de imóveis.
No jargão futebolístico “Tiki-Taka” é um sistema de jogo que se caracteriza por um amplo domínio da posse de bola, toques laterais constantes e a rejeição de chutões. A bola é trabalhada por várias áreas do campo, mantendo sempre a posse.
Causa social
Na época, o empresário Renilson Trindade – o Ika -, um dos responsáveis por promover o jogo entre o master do Flamengo e a seleção de Itacoatiara, declarou a um veículo da imprensa local que o amistoso foi uma maneira de “ajudar nossos conterrâneos”, ressaltando que o objetivo da partida foi meramente “pela causa social”.
Por sua vez, o ex-jogador Renato Carioca, responsável pela organização de jogos do time master do Flamengo, também, disse à imprensa que esse tipo de partido faz parte do “trabalho social” do time do Rio de Janeiro.
Conforme registros da época, até o mês de maio, mais de 20 cidades estavam em situação de emergência no interior do Amazonas. As cheias dos rios já afetavam, naquele período, quase 29 mil famílias nos municípios de Alvarães, Amaturá, Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Boca do Acre, Canutama, Carauari, Envira, Fonte Boa, Guajará, Humaitá, Ipixuna, Itamarati, Juruá, Lábrea, Pauini, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Tabatinga, Tapauá, Tonantins e Uarini.
Morte de Adílio
Adílio de Oliveira Gonçalves morreu, no último dia 5 de agosto, aos 68 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de um câncer no pâncreas. Eternizado como o camisa 8 do Flamengo, Adílio foi um dos maiores ídolos do clube carioca, principalmente, na década de 1980, quando fez parte de uma geração de ouro do time rubro-negro.
Ele estreou no Flamengo em 1975, época que o time já contava com nomes como Zico, Carpegiani e Andrade. Juntos, conquistaram o histórico Mundial de 1981, sobre o Liverpool, o maior título da história do clube. Adílio passou, ao todo, 14 anos no Flamengo, onde conquistou também a Libertadores de 1981, três Brasileiros e cinco Cariocas. Ele deixou o clube em 1987.