Expediente
304 North Cardinal St.
Dorchester Center, MA 02124
Expediente
304 North Cardinal St.
Dorchester Center, MA 02124
As convenções partidárias realizadas em Manaus até a última segunda-feira (05/08), prazo final definido pelo calendário eleitoral, trouxeram à tona possíveis rachas entre políticos que parecem discordar com a direção tomada por algumas siglas para a eleição deste ano. Apoio a candidatos de outros partidos e ausências foram vistas como “traições” por peças importantes do tabuleiro político.
Uma das ausências nas convenções mais comentadas foi a do deputado estadual e presidente estadual do PT-AM, Sinésio Campos. Ele não compareceu ao evento que oficializou o nome de Marcelo Ramos como o candidato da esquerda para a Prefeitura de Manaus.
Integrante do PT, o atual diretor de governança fundiária do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra), João Pedro Gonçalves, criticou a ausência de Sinésio como uma falta de alinhamento com os objetivos da federação.
“O nosso presidente falta justamente na hora em que a gente está juntando forças para brigar contra o bolsonarismo. Esse é o palanque do Lula. E o Sinésio não vir, não participar, não há desculpas. Não tem convenção mais importante, do ponto de vista político, do que a convenção de Manaus”, afirmou.
O próprio Marcelo Ramos e, também, o presidente municipal do PT, Valdemir Santana, comentaram a ausência do companheiro de partido.
“O deputado Sinésio tem uma relação próxima com o governo [estadual], acho que é absolutamente inegável, mas ele [Sinésio] nunca faltou ao projeto do presidente Lula. Eu tenho certeza de que essa não será a primeira vez. Ele estará conosco”, disse Ramos. “Compreendemos e respeitamos a posição do companheiro, mas o PT é único, não há divisão”, disse, por sua vez, Santana.
Sinésio rebateu dizendo que estava na cidade de São Gabriel da Cachoeira participando de uma convenção partidária. Ele ainda destacou que tem obrigação de apoiar os candidatos do interior já que é presidente estadual e não municipal. Na ocasião, Sinésio foi visto em atividades ao lado do deputado Pauderney Avelino (União Brasil), crítico feroz do PT e do presidente Lula.
Do lado da direita também houve ausências importantes que geraram burburinhos nos bastidores da política. O não comparecimento dos deputados estaduais Débora Menezes e Delegado Péricles na convenção do Partido Liberal (PL), que homologou o Capitão Alberto Neto como candidato a prefeito, causou estranheza e levantou questionamentos sobre a coesão do partido às vésperas de uma eleição importante, como é a de Manaus.
O Delegado Péricles atribuiu sua ausência a “problemas pessoais”, afirmando ter comunicado sua situação ao presidente estadual da sigla, Alfredo Nascimento, e ao próprio Alberto Neto.
Já Débora Menezes enfrenta um conflito de interesses, uma vez que seu pai, Coronel Menezes (PP), foi anunciado como candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Roberto Cidade (União Brasil), adversário direto de Alberto. No entanto, ela disse que – minutos antes da convenção – sofreu uma queda em casa e lesionou o tornozelo.
Quem não tem interesse de esconder que está longe dos interesses do seu partido é o deputado federal Saullo Vianna. Apesar de ser líder do União Brasil na Câmara Federal, partido que tem Roberto Cidade como postulante do cargo municipal, Vianna apareceu na convenção do Avante – que homologou a candidatura de David Almeida à reeleição.
Durante a convenção do Avante, Saullo Vianna afirmou que sua presença no evento era um cumprimento de um acordo de 2022 entre União Brasil e Avante, no qual Wilson Lima teria prometido apoio mútuo a David nos projetos políticos.
“O que eu estou fazendo aqui, hoje, é cumprindo o acordo de 2022, que seria o apoio recíproco em 2024. É isso que eu estou fazendo aqui”, afirmou Saullo.
As situações vistas como possíveis “traições” colocam em evidência os desafios enfrentados pelos partidos ao tentar alinhar diferentes interesses pessoais sob uma única bandeira eleitoral.