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O deputado federal Sidney Leite (PSD/AM), em entrevista exclusiva ao portal Panorama Real, revelou que vai solicitar uma reunião particular com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, para pedir uma intervenção federal no Amazonas. Ele acusa a cúpula do governo Wilson Lima de “flertar” com o crime organizado e de promover o desmonte da segurança pública no Estado.
“Houve um desmonte da segurança pública no nosso Estado. A população do Amazonas está à mercê, como se o crime tivesse hora para acontecer. Quando o governador determina que as delegacias do interior e da capital fechem às 17h e nos fins de semana e feriados quer dizer o quê? É uma declaração de quê? Para mim, a resposta é clara. Ao invés de ampliar os investimentos, a segurança pública diminuiu. Tanto é que o crime organizado se enraizou no interior do Estado. Aquela queima de fogos não ocorreu só na capital, mas sim em todo o interior do Amazonas e foi um tapa na cara do governo e das pessoas de bem”, declarou o parlamentar.
O deputado federal se referiu ao foguetório promovido por uma facção criminosa, no último dia 10 de fevereiro, para afrontar o Poder Público ao comemorar o fracasso das forças policiais no extermínio desse poder paralelo apesar de todo aparato repressivo.
Ele citou que o desmonte na segurança pública ficou evidenciado com o episódio ocorrido em Parintins no ano passado, quando imagens vazadas revelaram uma reunião do alto escalão do governo do Estado planejando instaurar o caos, com apoio de organizações criminosas, para favorecer a candidata apoiada, na época, por Wilson Lima, na eleição daquele município do interior do Amazonas.
“Quem está dizendo isso não é o Sidney deputado, mas sim o próprio então secretário de Estado que foi flagrado naquele vídeo, onde afirmou que esse instrumento foi utilizado para a reeleição do governador Wilson Lima. É lamentável que depois dessa denúncia nada tenha acontecido. O próprio governador se calou quando isso veio à tona e um tempo depois falou que acreditava no secretariado dele. Se ele afirma que confia no secretariado, ele também confirma o que foi dito naquela reunião. Eu não posso responder pelos órgão de controle externo, mas eu acho um absurdo um deputado ter mais policiais a sua disposição do que o efetivo de alguns municípios do Amazonas. Isso só está acontecendo pela complacência do governador! Aquela fala do secretário, uma pessoa próxima dele, na gravação feita em Parintins, mostrou que o governo flerta com o crime organizado”, afirmou o deputado federal.
Sobre as denúncias feitas pelo deputado Sidney Leite, a reportagem entrou em contato diretamente com o secretário de Segurança Pública, Coronel Vinicius Almeida, e, também, com a assessoria da SSP-AM, mas não recebeu respostas de ambas as partes até a publicação desta reportagem.
Pedido de intervenção federal
O deputado Sidney Leite já havia feito o pedido de intervenção federal diretamente ao presidente Lula, em forma de ofício, no dia 18 de dezembro do ano passado. Agora, o parlamentar amazonense vai conversar com o ministro Lewandowski pessoalmente sobre o assunto.
Cobrança
Durante a reunião, além da intervenção, o deputado falou que vai cobrar informações sobre a aplicação do repasse por meio do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) de R$ 38,6 milhões e mais R$ 2,8 milhões para o Programa Escola Segura, anunciados por Flávio Dino quando ainda era ministro da Justiça e Segurança Pública e esteve em Manaus.
Outras denúncias contra a cúpula do Governo do AM
A denúncia de Sidney Leite não é a primeira contra a cúpula do Governo do Amazonas e o comando da SSP-AM. Em janeiro de 2024, o também deputado federal, Amom Mandel (Cidadania-AM), veio a público para revelar que estava sendo “coagido” por ter denunciado à Polícia Federal (PF) a existência de ligações da alta cúpula da Segurança Pública do Amazonas com facções criminosas do Estado.
Na época, o parlamentar afirmou que as ameaças começaram após ele ter tido acesso a uma investigação da Secretaria Adjunta de Inteligência do Governo do Amazonas (Seai), associando diretamente representantes da SSP-AM, da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e do Comando da Polícia Militar (PM-AM) com facções criminosas do Estado.
Na época, Amom Mandel informou que o relatório feito pela Seai confirmava a relação próxima da alta cúpula da segurança com traficantes, uma vez que o documento citava a nomeação do irmão de um dos maiores narcotraficantes do Estado dentro da própria SSP-AM. Ele se referiu a Lanalbert Nunes Obando, irmão de Sérgio Roberto Obando, apontado pela polícia como um traficante internacional, que foi preso, em 2011, com 1,5 toneladas de cocaína, e em 2017, quando foi novamente detido, desta vez, com 400 quilos de entorpecentes.
Após o caso vir à tona, Lanalbert Obando foi exonerado, no início de dezembro de 2023, do cargo de gerente de Inteligência.
Complacência de Wilson Lima com o crime organizado
Por sua vez, o ex-deputado federal e ex-candidato do PT à Prefeitura de Manaus, Marcelo Ramos, também acusou o governador Wilson Lima de ser complacente com o crime organizado durante uma entrevista para o portal UOL e para o jornal Folha de S. Paulo em agosto de 2024. “Há um avanço do crime organizado em Manaus, e isso só ocorre onde o Estado se omite. A política de segurança pública do governo do Amazonas é caótica, uma catástrofe, e não responde às demandas da cidade”, criticou.
Em seguida, Marcelo Ramos completou: “O crime organizado já controla parte de Manaus. O governo do Estado faz de conta que não enxerga e não tem nada a ver com isso. Há uma complacência com o crime organizado”.