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Israel descumpriu o cessar-fogo no Líbano e não se retirou do território libanês, neste domingo (26/01), conforme prevê o texto do acordo que paralisou a guerra entre os dois lados em novembro do ano passado. Ao invés de sair das terras libanesas, os invasores israelenses abriram fogo contra os civis libaneses que tentavam retornar para suas cidades no sul do país, deixando ao menos 22 mortos – incluindo seis mulheres -, e 128 feridos – entre eles, 12 mulheres, nove crianças e um paramédico -, de acordo com informações do Ministério da Saúde libanês.
Segundo as autoridades libaneses, os assassinatos cometidos pelos terroristas israelenses foram registrados em Aitaroun (cinco mártires), Markaba (4), Kfar Kila (4), Houla (3), Mays al-Jabal (3), Adaisseh (1), Blida (1) e Al-Dhahira (1). Entre os mártires está um soldado do exército libanês, Muhammad Youssef Zahour, que foi assassinado em Al-Dhahira.
Além de assassinar e ferir vários civis, os soldados da ocupação israelenses ainda sequestraram cidadãos libaneses que tentavam chegar às suas casas. Alguns foram libertados em seguida, porém, outros permanecem em poder de Israel.
Apesar da violência, libaneses desafiam os invasores israelenses
Apesar da violência praticada por Israel, milhares de libaneses desafiaram os soldados da ocupação israelense e se dirigiram para suas cidades no sul do Líbano, inclusive na fronteira. Os cidadãos libaneses começaram a se reunir em comboios ainda no sábado (25/01) para aguardar o fim do prazo de 60 dias de cessar-fogo e poderem retornar para seus vilarejos e suas casas, dezenas delas arrasadas pelas agressões israelenses durante a guerra.
Em algumas localidades, as pessoas retornaram a pé após horas de caminhada pelas estradas montanhosas do sul do Líbano. Em várias cidades, as pessoas foram escoltadas pelo exército libanês e por equipes da defesa civil.
Em algumas cidades, as pessoas ergueram tendas para em cima dos escombros de suas residências. Em Maroun Ar-Ras, na região fronteiriça do Líbano, uma mulher se posicionou na frente de um tanque Mirkava, considerado um dos mais modernos, e desafiou os soldados israelenses, impedindo-os de avançar sobre os demais civis.
Autoridades libanesas falam em vitória após retorno dos refugiados
O presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, confirmou em um comunicado emitido neste domingo (26/01), que o “batismo de sangue personificado pelos libaneses” do sul hoje, com mais mártires e feridos, “confirma com evidências conclusivas que Israel persiste em violar a soberania do Líbano”.
Ele ainda acrescentou: “Hoje, vocês estão provando a todos, de perto e de longe, que são grandes em sua filiação nacional e que a terra, como a honra, é digna dos sacrifícios mais preciosos e que a soberania é um ato vivido e não slogans repetidos por línguas”, disse ao falar para o povo do sul do Líbano.
Por sua vez, o novo presidente do libanês, Joseph Aoun, também comentou sobre o retorno do povo do sul do Líbano às suas aldeias fronteiriças. “Compartilho com nosso povo no sul a alegria da vitória da verdade”, apelando a eles “para exercerem autocontrole e confiança no exército libanês”, enfatizando que o exército “está sempre com você, onde quer que você esteja”. “Ele está, e continuará, comprometido em protegê-lo e garantir sua segurança”.
Aoun enfatizou que “a soberania e a integridade territorial do Líbano não são negociáveis”, destacando que o governo “acompanha essa questão nos mais altos níveis para garantir seus direitos e dignidade”.
Além de Aoun e Berri, o primeiro-ministro designado, Nawaf Salam, também se manifestou. Ele afirmou que compartilha a “plena confiança de Aoun no papel do exército na proteção da soberania do Líbano e na garantia do retorno seguro do povo do sul”.
Acordo
O cessar-fogo de 60 dias que paralisou a guerra entre Líbano e Israel foi acordado em 27 de novembro do ano passado, e terminou, oficialmente, às 4h da madrugada deste domingo (26/01), horário local do Oriente Médio (meia-noite em Brasília).
Conforme o texto do acordo, os invasores israelenses deveriam se retirar totalmente suas tropas do território libanês, enquanto os combatentes da resistência libanesa sairiam das áreas ao sul do rio Litani e se posicionar ao norte desta região, que será ocupada somente por militares do Exército libanês.
Porém, por meio de nota divulgada na última sexta-feira (24/01), Israel informou que não cumpriria o acordo e nem iria completar a retirada do sul do Líbano dentro do prazo previsto no cessar-fogo sob o pretexto que o governo libanês, segundo os israelenses, “não cumpriu integralmente suas obrigações” de ocupar a faixa entre a fronteira da entidade sionista e o rio Litani.