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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a proposta de taxação dos super-ricos durante discurso na 16ª Cúpula dos Brics, nesta quarta-feira (23/10). O chefe do Executivo brasileiro falou aos líderes via videoconferência, após sofrer um acidente doméstico e ser impedido de viajar à Rússia, onde acontece o encontro. Ele também cobrou um acordo de paz no Oriente Médio e a participação dos países na questão das mudanças climáticas.
Em sua fala, Lula agradeceu o apoio dos membros do bloco às iniciativas do Brasil à frente da presidência do G20. Uma delas é a criação de um mecanismo de tributação sobre grandes fortunas para combater desigualdades.
“Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20. Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são cruciais para a redução das desigualdades, como a taxação de super-ricos”, disse o presidente.
Ele também destacou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, outra prioridade brasileira no G20. “Convido todos a se somarem à iniciativa, que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes”, reforçou.
O presidente ainda cobrou o compromisso de países ricos por ações para combater os efeitos das mudanças climáticas no mundo. Ao avaliar como “incontornável” o envolvimento dos países do bloco na luta contra a degradação do meio ambiente, Lula indicou que os maiores responsáveis pela crise do clima são os países mais ricos.
Ele cobrou que os países mais desenvolvidos atuem para além dos US$ 100 bilhões definidos para o financiamento de países mais pobres para o desafio climático. Prometido em 2009 na chamada COP 15, a cúpula sobre mudanças climáticas realizada na Dinamarca, o compromisso só foi cumprido em 2022, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ou seja, mais de uma década depois da celebração do acordo.
“O Brics é ator incontornável no enfrentamento da mudança do clima. Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos US$ 100 bilhões anuais prometidos e não cumpridos, e fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos. Também cabe aos países emergentes fazer sua parte para limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio”, observou.
Lula voltou a criticar a resposta militar de Israel contra o Hamas e o Hezbollah e afirmou que é “crucial” iniciar negociações de paz.
Diante do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Lula mencionou o “conflito entre Ucrânia e Rússia”, mas não condenou a invasão de forma enfática – como fez, por exemplo, ao chamar a Faixa de Gaza de “maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”.
“Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo. Essa insensatez agora se alastra para Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia”, declarou.