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Por conta da seca severa, 23 botos do Lago Tefé, na região do Médio Solimões, no Amazonas, morreram neste mês de setembro. Este é o segundo ano consecutivo que o fenômeno acontece no local.
Das 23 espécimes – 19 botos-vermelhos (mais conhecidos como botos-rosa) e quatro tucuxis (botos-cinza) –, foram encontrados mortos no local pela equipe do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), organização social vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
O Instituto Mamirauá monitora o lago duas vezes ao dia nas últimas três semanas, coletando amostras, recolhendo carcaças e realizando necropsias em animais.
No ano passado, o instituto registrou um total de 330 botos mortos, o equivalente a 12% da população local desses animais. Foram 209 carcaças encontradas em Tefé e 122 em Coari, outro lago próximo.
O lago está raso, com o canal limitado a dois metros de profundidade e cerca de 200 metros de largura. Isso coloca botos, peixes-boi, jacarés e peixes em maior proximidade a pescadores e todo tipo de embarcação. Além disso, a temperatura no lago tem variado diariamente entre 27ºC e 38ºC, a depender do nível de nebulosidade e de fumaça de queimadas. Como os botos são mamíferos, com temperatura corporal semelhante à dos humanos, o calor acima de 36°C é prejudica a sua saúde.
Equipes do Ministério do Meio Ambiente, Ibama e ICMBio foram enviadas à região para avaliar a seca no Lago Tefé, constatando a necessidade de ação antecipada devido aos níveis alarmantes de profundidade e de temperatura da água.
Em 17 de setembro, o ICMBio instaurou a Emergência Fauna Aquática, com um posto de comando na região e ações de monitoramento diárias. O Ibama também afirma ter intensificado suas operações em Tefé para reduzir a captura ilegal de peixes-boi, que viam alvo mais fácil da captura e comercialização ilegais com o nível mais baixo do rio.
As especialistas alertam que a mortandade de botos não é apenas má notícia para esses animais, que integram a lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), mas para os ecossistemas onde vivem.
Sendo animais no topo de cadeia alimentar, botos predam as espécies mais vulneráveis e controlam as populações de peixes, além de serem muito sensíveis à saúde dos rios.