Ato em Manaus pede cessar-fogo imediato no Oriente Médio

Organizada por movimentos e entidades da sociedade civil, manifestação faz parte do Dia Mundial de Solidariedade com a Palestina, que foi realizado em várias cidades do planeta
Manifestantes pediram o fim da guerra e do genocídio contra o povo palestino (Foto: Anwar Assi)

Manaus se juntou a várias cidades do Brasil e do mundo, como São Paulo, Curitiba, Washington, Londres, Berlin e Buenos Aires, entre outras, e realizou, no final da tarde do sábado (04/11), na Praça do Congresso, no Centro, um ato pacífico para pedir um cessar-fogo imediato e incondicional no Oriente Médio.

Organizado por entidades e movimentos da sociedade civil, a manifestação faz parte do Dia Mundial de Solidariedade com a Palestina que foi realizado em várias cidades do planeta.

A manifestação foi convocada por mais de 20 movimentos sociais do Amazonas – como a União Brasileira de Mulheres (UBM) e a União Nacional de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro) -, comitês populares, sindicatos – como o dos Petroleiros -, centros acadêmicos – como o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) -, associações de professores – como a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua) -, grupos estudantis – como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Estadual dos Estudantes (UEE) e a União da Juventude Socialista (UJS) -, partidos políticos (PSOL, PT, PcdoB e PSTU) e o público em geral, com a participação de ativistas do direitos humanos, advogados, jornalistas, intelectuais, escritores, entidades muçulmanas e simpatizantes da causa palestina, incluindo pessoas judias. O ato recebeu apoio da comunidade árabe do Amazonas, principalmente da sociedade palestina e membros da colônia libanesa do Estado.

Movimentos sociais, estudantis e partidos prestaram apoio a paz no Oriente Médio (Foto: Anwar Assi)

“Não em meu nome”

Entre as pessoas que participaram do ato havia pessoas judias, que vieram expressar sua condenação contra os crimes de Israel na Palestina.

Uma delas foi a professora da Faculdade de Educação da Ufam, Gisele Sifroni Cardoso Costa, 37 anos. Ela carregava um cartaz escrito “Não em meu nome” em português, inglês árabe e hebraico, para repudiar os crimes israelenses.

Professora judia denuncia o regime sionista de Israel como sendo antijudaico (Foto: Anwar Assi)

“Não é um problema religioso, mas sim um problema de um povo que está oprimido perante os olhos do mundo. Não há razão para o povo judeu não se solidarizar com os palestinos. Na verdade, quem ameaça o povo judeu não são os palestinos, mas o sionismo (ideologia surgida na Europa que prega um lar estritamente judaico na terra dos palestinos), que ressuscitou o cadáver do antissemitismo. As perseguições que os judeus sofreram na Europa não podem justificar o que Israel faz com os palestinos hoje”, declarou.

Ela destacou, ainda, que “os preceitos judaicos são feridos pelo movimento sionista.

“Israel usurpou os símbolos judaicos, como a Estrela de Davi e a língua hebraica. Israel confunde propositadamente o sionismo com o judaísmo”, enfatizou Gisele Sifroni.

Docentes do ensino superior

Professores universitários são solidários ao sofrimento do povo palestino (Foto: Anwar Assi)

O presidente da Adua, Jacob Paiva, 58 anos, afirma que a entidade nacional da categoria – o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) -, tem uma decisão congressual que pede a autodeterminação dos povos, incluindo o da Palestina.

“Somos solidários com a perda de civis de todos os lados. Porém, entendemos que o que está se desenhado, não é mais uma guerra, mas é um processo no qual Israel se assume como um Estado terrorista que quer aniquilar o povo palestino. Não podemos compactuar com esse tipo de comportamento político”, explicou o líder dos professores.

“Somos solidários com a perda de civis de todos os lados. Porém, entendemos que o que está se desenhado, não é mais uma guerra, mas é um processo no qual Israel se assume como um Estado terrorista que quer aniquilar o povo palestino. Não podemos compactuar com esse tipo de comportamento político”, explicou o líder dos professores.

O professor de Biologia da Ufam, Welton Oda, 53 anos, afirmou que acompanha há anos a luta histórica que os palestinos travam para colocar um fim na ocupação israelense de seus territórios, que ocorre desde 1948, com o início da Nakba – a Catástrofe para os palestinos.

“Fui sempre solidário a luta do povo palestino. Nunca vi uma barbárie nesse nível que Israel comete com o apoio dos Estados Unidos. É lamentável”, declarou Oda.

Petroleiros em defesa dos oprimidos

Em seu discurso, o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindpetro-AM), Marcus Ribeiro, 36 anos, afirmou que os petroleiros sempre adotaram posição de defender os povos oprimidos do mundo, inclusive, o da Palestina.

“Esse posicionamento não é de agora. Nosso sindicato sempre esteve ao lado dos povos que sofrem com o que chamamos de imperialismo dos Estados Unidos. Portanto, não seria diferente diante do que acontece atualmente na Faixa de Gaza”, ressaltou.

Direitos humanos

Para a advogada e militante dos direitos humanos, Mary Jane Lopes, 57 anos, o que ocorre na Palestina há mais de 75 anos é um dos atos mais “bárbaros” que ela disse ter visto. “O que fazem com a Palestina é de uma injustiça enorme. O mundo não pode aceitar o que Israel está fazendo com a chancela dos Estados Unidos”, frisou.

Crianças amazonenses de origem palestina e brasileira estavam presentes no ato de solidariedade (Foto: Anwar Assi)

Ataques contra a Cisjordânia

O empresário palestino-brasileiro, Omar Manasrah, 30 anos, que é da região de Hebron, na Cisjordânia, afirmou que se sente “triste” e “revoltado” com os massacres israelenses contra os palestinos. Ele lembrou que o povo palestino está sendo atacado pelos invasores sionistas em outras áreas da Palestina e não somente na Faixa de Gaza.

“As tropas de ocupação israelense estão atacando a Cisjordânia também, onde já mataram vários civis, prenderam jovens e destruíram várias casas. O governo de Israel armou os colonos (ocupantes ilegais das colônias israelenses construídas em terras palestinas) que estão aterrorizando a população local para expulsar os palestinos da região”, denunciou.

Ato simbólico

No final do evento, em um ato de repúdio ao assassinato de crianças, mulheres e idosos, muitos deles mortos queimados pelas bombas lançadas pelos israelenses contra a Faixa de Gaza, os manifestantes queimaram as bandeiras de Israel e dos Estados Unidos, país que tem patrocinado o governo sionista israelense a cometer limpeza étnica contra os palestinos.

Bandeiras de Israel e Estados Unidos foram queimadas em protesto pela matança de civis palestinos (Foto: Anwar Assi)

“Sou judia e essa bandeira de Israel não representa o povo judeu”, disse a professora Gisele Sifroni Cardoso Costa, que participou do ato simbólico da queima das bandeiras, repetindo os gestos que outros judeus no mundo têm realizado para repudiar os crimes que Israel comete na Palestina.

 Segunda manifestação

O ato realizado neste sábado (04/11) foi o segundo realizado em Manaus para pedir o fim da ocupação israelense na Palestina e a paz no Oriente Médio. A primeira manifestação ocorreu, no último dia 19 de outubro, no Largo de São Sebastião, no Centro da capital amazonense.

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