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Brasil de Fato – Quando as Olimpíadas de Paris tiveram início, o massacre – considerado genocídio por pelo menos 13 países – já havia causado mais de 38 mil mortes, mas Israel participa da competição sem senhum tipo de sanção por parte do Comitê Olímíco Internacional, que se protege juridicamente atrás da “solução de dois Estados”, uma vez que os Comitês Olímpicos nacionais israelense e palestino “coexistem” (ao menos na teoria), desde 1995.
Para a socióloga e historiadora Vanessa Gil, a omissão do Comitê Olímpico Internacional (COI) se torna gritante diante da nova escalada promovida por Netanyahu na região.
“Esse silêncio do Comitê Olímpico Internacional se torna ainda mais agressivo, porque é agressivo se calar diante de um genocídio e do impulsionamento da eclosão de uma guerra de proporções continentais e mundiais, porque o que Israel vem tentando fazer é uma guerra de proporções muito para além das suas fronteiras e dos seus vizinhos”, disse ao Brasil de Fato.
Para Mohammed Nadir, coordenador do Laboratório de Estudos Árabes da UFABC (LEA-UFABC), a omissão do COI diante da nova escalada militar na região mostra uma “politização seletiva” desse organismo, já que a invasão russa da Ucrânia com o apoio de Belarus em fevereiro de 2022 teve como resposta o banimento de atletas russos e bielorrussos de quase todo o esporte mundial até março de 2023 e uma posterior reintegração progressiva desses atletas sob condições estritas: a título individual, sob uma bandeira neutra e desde que não tivessem “apoiado ativamente a guerra na Ucrânia” e que não tenham contrato com o exército ou com as agências de segurança do seu país.
“Isso mostra dois pesos e duas medidas e que os Estados Unidos têm a palavra final. Existe uma punição seletiva e isso descredibiliza o COI e o sistema internacional. Uma punição a Israel poderia ser um sinal muito forte de que a comunidade internacional não está de acordo com o que se passa no terreno em Gaza, com milhares e milhares de mortos”, disse ao Brasil de Fato.
O Comitê Olímpico Palestino (COP) pediu ao Comitê Olímpico Internacional a “imediata exclusão de Israel das Olímpíadas de Paris 2024”. Os palestinos querem que a entidade aplique a Israel a mesma regra que foi utilizada para suspender a Rússia dos Jogos, a figura jurídica da “violação da trégua olímpica”.
A trégua olímpica prevê a suspensão de conflitos armados durante os sete dias anteriores ao início dos Jogos Olímpicos e sete dias após o final dos Jogos Paralímpicos. A tradição iniciada nos Jogos da Grécia antiga prossegue até hoje e nas Olimpíadas de Paris, a trégua acontece de 19 de julho a 15 de setembro de 2024.
O líder do movimento libanês Hezbollah, Hasan Nasrallah, prometeu, nesta terça-feira (06/08), represálias contra Israel “sem importar as consequências”, após os assassinatos do chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, e do comando militar de sua organização, em meio às manobras diplomáticas para evitar uma escalada da guerra em Gaza.
Pouco antes deste pronunciamento, caças da Força Aérea israelense sobrevoaram Beirute a baixa altitude e romperam a barreira do som, o que provocou momentos de pânico na capital do Líbano. Nasrallah afirmou que o seu grupo e o Irã serão “obrigados a tomar represálias” após o ataque que matou Haniyeh e o bombardeio que assassinou o líder militar do Hezbollah, Fuad Shukr, algumas horas antes, em Beirute.
Em um discurso televisionado, o líder do grupo xiita libanês afirmou que o Hezbollah agirá sozinho ou no marco de uma “resposta coordenada” de todo o chamado “eixo de resistência”, que inclui movimentos pró-Irã no Oriente Médio “sem importar as consequências”.
Para Nadir, a atitude de Netanyahu não tem precedentes, pois rompe as pontes de diálogo em um momento em que há esforços internacionais para chegar a um cessar-fogo na região.
“O grande objetivo do Netanyahu não só perpetuar a guerra, mas sobretudo acelerar uma escalada para que não haja um retorno, enquanto ainda há negociações e os agentes políticos tentam encontrar uma saída. Netanyahu recusa qualquer saída. Ele quer arrastar a região para uma grande guerra, arrastando os Estados Unidos e seu aliado, a Inglaterra.”
Para Vanessa Gil, a omissão em relação à ofensiva israelense por parte da comunidade internacional tem passado uma mensagem de impunidade, que se reflete no crescimento da agressividade contra a comunidade muçulmana durante este final de semana no Reino Unido com ataques da extrema direita a mesquitas e abrigos de migrantes.
“É algo que a gente vê há algum tempo, mas que agora tem se intensificado e muito, em função também dessa permissividade internacional com o genocídio em curso. A gente está vendo em tempo real e, ainda assim, muito pouco tem sido feito internacionalmente. A ONU não consegue frear porque os Estados Unidos sempre têm poder de veto e acaba apoiando Israel nas suas decisões. Essa escalada de xenofobia contra árabes e muçulmanos também é consequência dessa permissividade que tem acontecido com o genocídio do povo palestino.”