Petroleiros pressionam Lula pela reestatização de refinaria em Manaus

Os petroleiros levaram uma faixa com pedido de recompra da refinaria (Foto: Anwar Assi/Panorama Real)

Petroleiros do Amazonas aproveitaram a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Estado, nesta terça-feira (10/09), para pressioná-lo pela reestatização da refinaria em Manaus. Além dos preços dos combustíveis, a categoria denuncia descaso e, também, aponta que o Grupo Atem, gestor do local, parou de refinar.

Durante a reunião para o anúncio de medidas de combate à seca na Amazônia, na sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), na capital amazonense, os petroleiros cobraram o presidente com gritos de “compra a refinaria de volta ”. A cobrança aconteceu no momento em que o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, discursava. Após a insistência dos trabalhadores, o ministro parou e disse para o presidente ao seu lado: “Eles querem que comprem a refinaria”. 

Ao Panorama Real, o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindpetro-AM), Marcus Ribeiro, relatou que o resultado prático da privatização da refinaria não foi positivo para o consumidor final, e tornou-se, sem dúvidas, a pior de todas as privatizações da Petrobras. O litro da gasolina, em Manaus, por exemplo, é vendido, em média, a R$ 6,89 na maioria dos postos da capital amazonense.

Privatização

Em primeiro de dezembro de 2022 a Refinaria Isaac Sabbá (Reman) deixou de ser uma unidade da Petrobras e passou a ser operada pelo Grupo Atem. A venda da única refinaria da região Norte, por US$ 257,2 milhões, no fim do governo Bolsonaro, foi parte do plano, parcialmente executado, de vender metade do parque de refino da estatal para a iniciativa privada, dentro do acordo feito com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a fim de “descentralizar” o mercado de combustíveis.

No final do evento, ainda tentaram entregar uma espécie de dossiê sobre o tema ao presidente, mas não foram atendidos.

Alta no preço dos combustíveis

Desde o início da sua operação privada, a refinaria vendeu gasolina 6,7% mais cara do que a Petrobras e diesel 8,1% acima. Quando era estatal, a refinaria tinha a gasolina 2%, em média, mais barata e o diesel com preço 1,3% menor.

Os preços ultrapassam inclusive o preço de paridade de importação da região, ou seja, trazer gasolina e diesel do exterior, pagando todos os custos de importação, está mais barato do que comprar da refinaria. Segundo cálculos feitos a partir dos dados da ANP, a gasolina e o diesel da refinaria ultrapassaram os internacionais em 8,5% e 6,2%, respectivamente.

Prejuízo

O mais recente relatório de desempenho da refinaria aponta que a Refinaria de Manaus teve queda de 26,1% na receita líquida do 1º trimestre de 2024. A comparação é com o mesmo período de 2023. A empresa justifica que isso se deu pelo aumento de despesas e menor volume de vendas.